sábado, 24 de outubro de 2009

Nem sempre é fácil esse ofício


Eu não ando muito animada nos últimos dias. Por isso, nem tenho feito postagens no blog. Acredito que esse cansaço seja causado pela correria do dia.

Mas, essa semana foi “trash” e diante dos fatos decidi tascar os dedos no teclado e soltar o que estava preso.

Hoje, vou falar sobre aquilo que mais me chocou desde que estou atuando como repórter: a morte do professor Marcos Afonso.

Acho que jamais me esquecerei do momento em que meu telefone tocou e do outro lado da linha ouvi o meu amigo Gilberto Lobo dizer: Não tenho uma notícia boa pra te dá. O professor morreu!

Ainda me lembro da sensação. Não há coisa pior do que ter que noticiar coisas ruins, acreditem. Mas pior ainda foi saber como aconteceu o crime.

Para ter mais informações sobre o caso liguei pra Lenilda Cavalcante e ela, que tem mais de 15 anos de jornalismo policial ,estava chocada.

Não foi fácil editar o jornal e escrever uma matéria tão triste e com fatos tão bárbaros. Cheguei em casa ainda em choque por tudo que ouvi sobre o crime e não consegui dormir.

Pela manhã fui organizar as idéias e vou colocar minhas conclusões sobre tudo isso aqui.

Um show de incompetência

Pra mim, a polícia deu um show de incompetência. A arma do crime estava o tempo todo dentro da casa do professor. Local que ele foi morto e enterrado vivo!

Pior ainda foi ver o diretor-geral da polícia civil agradecer a Deus pela elucidação de um crime. Sinceramente, Deus não queria ver um filho dEle sendo morto com tanta crueldade, e certamente não queria ver uma polícia tão incompetente que não investiga o local inicial de um crime.

O mais obvio, a meu ver, seria levar as testemunhas do caso a casa do professor e constituir a dinâmica do crime, ou seja, cada testemunha diria onde estava e o que fazia na hora que os bandidos chegaram ao local para roubar o veículo do professor.

Se a polícia tivesse se dado ao trabalho de ir a casa e investigado o local teriam visto uma faca, uma pá e um buraco com terra mexida. (Vale ressaltar que toda vez que alguém mexe em qualquer quantidade de terra a parte que sofreu interferência tem tonalidade diferente da parte que não foi tocada, qualquer criatura sabe disso).

Mas, para decepção de todos nós a polícia foi pífia e não fez o obvio. Apenas isolou o local e seguiu com as investigações do portão da casa para fora.


Crueldade exacerbada


O infeliz que matou Marcos Afonso conhecia a vítima há três anos, presta serviços para a vítima.

No momento em que ele e os outros dois bandidos foram apresentados a imprensa ele ainda esboçou um sorriso que me apavorou.

Como pode meu Deus alguém ser tão cruel?

Aquele infeliz enterrou um homem vivo, ainda agonizando, pedindo vida e depois de tudo isso teve capacidade de participar de uma churrascada e de bebedeira, sem demonstrar menor arrependimento do ato brutal que cometeu.

Essa não

Pior ainda, foi ver colegas de imprensa cumprimentando o diretor-geral, apertando a mão da autoridade e dizendo: Parabéns.

Parabéns? Como assim?

O cara fez a obrigação dele. Nós, contribuintes, pagamos pelo serviço que ele prestou com muitas falhas e deficiência, porque demoraram mais de 72 horas para achar um corpo que estava debaixo das “barbas” dele.

Um JORNALISTA tem que fazer a sua matéria, ir pra redação e narrar os fatos do que é notícia aos cidadãos.

Desculpem, mas na minha opinião, não é função de jornalista algum puxar-saco de qualquer autoridade para ficar “bem na fita”. Até porque atitudes como essa tiram a moral de qualquer profissional e o deixa limitado para que em situações posteriores possa fazer críticas ao mau desempenho de qualquer autoridade.

Pena que eu sei que isso sempre vai existir e a ética da categoria sempre estará posta a prova por causa de comportamentos como esse.

Eu me envergonho e lamento ter que admitir que sempre haverá pessoas com esse tipo de conduta.