Amo meu Estado, mas reconheço as limitações dele.
O Acre é uma terra muito boa e o povo acreano (seja de nascimento ou de coração) é bem acolhedor. Mas viver aqui requer certo jogo de cintura para lidar com o tédio.
Vivo num Estado muito carente de opções culturais para os finais de semana. A dica aqui é sempre ter um bom filme ou livro para degustar aos finais de semana.
Não temos sequer uma sala de cinema decente com opções atualizadas de filmes em cartaz.
Não há uma casa de shows onde possamos ouvir e ver um bom show, sentados como pessoas civilizadas.
Os shows no Acre acontecem ainda em ginásios, estacionamentos de estádios. Nos aglomeramos num empurra-empurra insuportável e nada parece que funciona bem. Para piorar pagamos caro por uma sucessão de desconfortos.
Antes, tínhamos pelo menos os cafés como o Café do Theatro, que fechou as portas e até hoje eu não sei por quê.
Houve um tempo em que o Acre, principalmente Rio Branco, era mais cultural.
Eu era criança, mas me lembro do Casarão e dos almoços agradáveis que eu tive lá com a minha mãe. Lembro que o Kaxinawá também era um ambiente bem bacana.
Não sei como o governador do Estado, Arnóbio Marques, não se envergonha de anunciar que o Acre seria o melhor lugar da Amazônia para se viver em 2010.
Digo ao senhor governador que é fácil viver no Acre se o cidadão tem dinheiro suficiente para pegar um avião ou helicóptero e seguir para o Estado mais próximo para passar um final de semana ou feriado. Assim, fica muito fácil.
O Acre precisa evoluir muito em vários setores para que aqui, seja de fato, um bom lugar para viver e criar filhos.
Nos falta segurança, saúde de qualidade e acesso a cultura.
Talvez, a idéia de Binho seja nos deixar diante de computadores (com o Floresta Digital – que não funciona) e vivendo de uma ideologia furada e barata.