sexta-feira, 20 de março de 2009

Deixem nossas crianças em paz


Por: Archibaldo Antunes*

Quando o assunto é pedofilia, não consigo definir o que é pior: se a violência à criança ou a cumplicidade dos adultos ao redor desse crime. Se temos filhos (eu tenho dois, o João Gabriel, de 3 anos, e a Clara, de 11) a questão é ainda mais angustiante – pelo sofrimento que nos causa a simples idéia de que isso lhes possa ocorrer e que, uma vez ocorrendo, haja cumplicidade de adultos dentro ou fora do nosso círculo de convívio.

É difícil crer, por exemplo, que a mãe de Elisabeth, mantida em cárcere privado a maior parte da vida pelo pai, o austríaco Josef Fritzl, não soubesse do que se passava sob o teto em que vivia com o marido, em Amstetten. É claro que isso é possível, mas é pouco crível.

A omissão de parentes e autoridades me parece tão grave quanto o abuso sexual contra crianças. No Acre, suspeita-se que membros do alto escalão do governo petista ignoraram denúncias de estupro cometido pelo secretário Francisco Pianko. A CPI da Pedofilia flagrou a delegada de Catanduva, no interior de São Paulo, avisando um advogado de que iria apreender o computador de um cliente dele. Pode ter melado as investigações.

No mesmo dia em que foi veiculada a denúncia contra o secretário Pianko, a polícia prendia o oficial de Justiça José Alberto Rocha da Silva sob acusação semelhante. Agora a imprensa anuncia que a polícia investiga uma rede de pedofilia na capital.

Tantos casos de uma única vez não significam, necessariamente, que aumentou o número de pedófilos. Pode ser indício, sim, de que cresceram as denúncias e as investigações.

A Organização Mundial de Saúde define a pedofilia como desvio sexual originário na desordem mental e de personalidade de um adulto. Maus tratos (como sugeriu Josef Fritzl em seu depoimento) ou histórico de abuso sexual não são critérios para a formação de uma personalidade pedófila. A ciência não descobriu ainda a causa desse problema, mas a legislação de muitos países sabe o que se tem a fazer com quem molesta crianças.

Tão abjeto quanto a pedofilia, já que todo crime que envolve crianças causa maior comoção na opinião pública, são também os métodos usados pelos agressores contra as pequenas vítimas.

Pedófilos sabem que a desestruturação familiar e a miséria facilitam a abordagem. Suas principais vítimas vêm de uma camada social onde trinta reais é muito dinheiro, e compram a virgindade de uma garotinha de 13 anos – até porque o padrão moral delas não permite compreender que o valor de algumas coisas não pode ser medido monetariamente. Outros são ainda mais desprezíveis (como se esse critério aumentasse o prazer bestial) a ponto de comprar a inocência de meninos e meninas com doces e biscoitos.

No caso do secretário de governo Francisco Pianko, que deve ser tratado como inocente até prova em contrário, o grau de abjeção chega ao paroxismo. Pois seduzir os pais das meninas índias com a promessa de utensílios e bebida alcoólica é digno de explorador do século XVI. Logo ele, que também é índio?

A pedofilia não é um problema apenas da polícia ou de quem tem em casa um filho sexualmente abusado. É de todos aqueles que, a exemplo da advogada Joana Darc, ainda são capazes de se indignar contra a idéia de que numa aldeia indígena, motel ou casa “de família” uma criança possa estar, neste instante, sendo violentada.

Jornalista*


Foto: http://diganaoaerotizacaoinfantil.files.wordpress.com/2007/10/pedofilia-denuncie.jpg

Um comentário:

  1. Ao CIDADÃO Jornalista,Pai de Família e Formador de Opinião que escreveu este ARTIGO, digo-lhe que Decência,Dignidade,Honra e Caréter è LUXO PARA PESSOAS DE PRIMEIRA GRANDEZA COMO O SENHOR!Grata pelas palavras de Solidariedade às Menores Indías que não estão nem sabendo que Iniciei Essa Revolução por Elas.Ajude-nos neste Clamor Público,dando Visibilidade àqueles que são Vítimas desses Algozes que posam de Autoridades! Saudações Humanitárias e gostaria de Conhecê-LO pessoalmente, Joana D'Arc

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