Por: Gilberto Lobo
O preço do milheiro de tijolos teve um aumento de mais de oito por cento em apenas um mês, passando de R$ 350 para 380. O motivo da elevação do preço, segundo os proprietários de olarias, é a falta de barro e de lenha. Com a constante falta do insumo, a partir da próxima semana, há previsão para um novo aumento.
O empresário do ramo Antônio Braga Bandeira explicou que o problema começou quando o Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) intensificou as fiscalizações em barreiros, áreas onde é retirado barro.
“O pior é que temos o dinheiro, mas não podemos comprar a matéria prima”, desabafou.
A funcionária de uma olaria, sem consentimento do chefe, disse que a empresa ficou quase um mês parada porque não havia material para confecção dos tijolos. “Para recuperar o prejuízo, tivemos que aumentar o preço do tijolo e consequentemente reduzir as vendas”.
Para ter ideia dos quanto é gasto com a falta de material - uma carrada de barro custava R$ 60 em maio e passou a custar neste mês R$ 150. O metro da lenha saiu de R$ 18 para R$ 40. “Isso quando tem. Normalmente, temos que comprar esse material em Sena Madureira, 150 quilômetros da capital, motivo para mais acréscimos no valor final do material para construção”, explicou Braga.
Pouco barro para muitos caminhões
O empresário declara ainda que a produção do único barreiro licenciado pelo Imac em Rio Branco foi vendida para apenas uma empresa, deixando as demais no prejuízo. “Foram quatro mil carradas, vendidas para uma única pessoa, mas um problema que sobrou para todos”.
Cada olaria gera cerca de 20 empregos diretos e mais de 50 indiretos. Com a queda da produção no setor, o risco de desemprego ronda mais de 300 famílias. “O governo precisa incentivar mais os pequenos empresários e deixar de apenas atrapalhar nosso trabalho. Eles [governo] só sabem proibir e nunca trazem uma solução”, relatou Antônio.
Fiscalização
Antônio Braga relatou também que teve um dos seus caminhões apreendido pelo Imac quando fazia o transporte de barro. A multa para liberação foi R$ 1,5 mais R$ 5 mil pagos ao advogado. “Só temos prejuízo. O governo está sempre em cima da gente em tudo que fazemos, mas nunca vem aqui para oferecer incentivo e mostrar uma saída para o nosso problema”.
Em cadeia
A falta de tijolo e o consequente preço elevado têm gerado problemas também para o setor da construção civil. Por mais que existam linhas de financiamento para construção de casas, o custo dos materiais de construção inviabiliza a redução do déficit habitacional. Para piorar ainda, falta documentação em mais de 70% das moradias da capital.
O setor da construção civil apresentou leve melhora em março deste ano. Foram abertos 421 postos de trabalho, fechando o mês com saldo positivo de 0,44%. No entanto, em relação ao acumulado do ano, o saldo segue negativo em 1,06%.
O setor do comércio, por sua vez, segue desempregando fortemente. No mês, o saldo negativo foi de 1,29%, de longe, a maior queda da região norte. Só neste ano, 1.847 trabalhadores ligados ao comércio foram despedidos.
O setor de serviços, assim como a construção civil, também apresentou saldo positivo. 416 vagas foram abertas no setor em março, fechando o mês com saldo positivo de 0,38%. (Gilberto Lobo)
A CONSTRUÇÃO DO TIJOLO
MAIO
VALOR DO MILHEIRO: R$ 350
CARREGAMENTO DE BARRO: R$ 60
CADA METRO DE LENHA: R$ 18
ABRIL
VALOR DO MILHEIRO: R$ 380
CARREGAMENTO DE BARRO: R$ 150
CADA METRO DE LENHA: R$ 40
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