segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Produtores rurais protestam e fecham BR-364 por cinco horas



A única alternativa encontrada por moradores do ramal do Ouro, localizado na BR-364, para receber a atenção do governo do Estado foi bloquear o quilômetro 100 da estrada que liga Rio Branco ao município de Sena Madureira. O protesto que ocorreu nesta segunda-feira, dia 10, tinha como objetivo a reivindicação de melhorias de infraestrutura na região.

De acordo com o presidente da Associação de Produtores Rurais, Valdenizo Rêgo, há pelo menos sete anos ele e as 200 famílias que vivem na região pedem melhorias de infraestrutura no local, mas nada foi feito.

“O que nós queremos é apenas que eles nos forneçam condições para escoar nossa produção. Queremos melhorias nos ramais para continuar trabalhando e ajudando no crescimento desse Estado”, clamou Valdenizo.

Segundo ele, os moradores também querem a titulação da terra e a implantação do projeto Luz para Todos do governo federal.

“Só estamos em busca de condições para trabalhar e sobreviver. Aqui nós produzimos cana-de-açúcar, café, banana, arroz, milho e feijão, mas muita gente está ficando desestimulado porque não tem como vender o que produz”, ressaltou o representante dos produtores.

De acordo com os moradores da região, a falta de infraestrutura do ramal não traz problemas apenas para o escoamento da produção. Eles informam que até para transportar as pessoas que adoecem no local é um problema.

“Nós precisamos colocar as pessoas doentes em redes, porque nenhum veículo consegue entrar para ajudar. Muita gente sofre com isso, porque além de suportar as dores, é preciso suportar o transporte dentro de uma rede”, conta Valdenizo.


Caminhões parados

Por volta das 15 horas, o local já apresentava 4 quilômetros de veículos parados ao longo da pista. A maior parte levava produtos para os municípios de Feijó, Tarauacá e Cruzeiro do Sul.
Os caminhoneiros que estavam parados ao longo da rodovia disseram que entendiam a reivindicação dos produtores rurais e que a única opção que restava era aguardar a reabertura da estrada.

“Eles estão tranqüilos e nós vemos que eles querem apenas trabalhar. Eles nos explicaram o que está acontecendo e nos pediram para esperarmos aqui. Nosso único problema é que temos prazo para entregar a carga”, disse um caminhoneiro.


Outro transportador que seguia para o Juruá com um carregamento de refrigerantes decidiu retornar para Rio Branco porque disse que o bloqueio não teria hora para terminar.

Auxílio da CUT
A presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Rosana Nascimento, foi ao local para auxiliar os produtores nas negociações entre a categoria e o governo.

“Desde a semana passada eles pretendiam fechar a estrada para chamar a atenção dos governantes, mas nós conversamos com eles e pedimos que nos deixassem tentar um diálogo com o governo. Porém, ninguém do governo se manifestou e por isso, estamos aqui para apoiá-los nesse movimento que é pacífico. Nenhum deles está aqui para brigar. Eles estão abertos a negociação. A única coisa que eles querem e trabalhar de maneira digna”, afirmou Rosana.

Maquinário começa a trabalhar na quarta
No final da tarde de ontem, a dirigente da CUT deslocou-se para Sena Madureira em busca de uma negociação em benefício dos produtores que bloqueavam a estrada.

Durante uma reunião entre a CUT, representante da prefeitura de Sena Madureira e do governo ficou decidido que a Secretaria de Florestas (Seflora) vai enviar o maquinário que está trabalhando numa região próxima ao local para iniciar as obras de melhorias no ramal do Ouro. As obras devem começar ainda esta semana.

Após saberem do resultado da reunião os manifestantes desobstruíram a estrada por volta das 17 horas.

Texto: Nayanne Santana
Fotos: Debora Mangrich

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