terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A sensatez que me ensinou

Não imaginei que meus comentários no meu Twitter e o texto que postei aqui seriam tão polêmicos, mas me serviram como lição.

Uma das pessoas responsáveis por me fazer refletir sobre tudo que disse e escrevi com relação à morte de Magaiver, foi o colega e jornalista Tião Vitor, editor-chefe do jornal Página 20.

A sensatez de Tião com relação a esse fato me fez vez que fui um tanto imatura e precipitada ao julgar sem medidas aquela criatura que matou e estuprou uma criança de apenas dois anos de idade.

As palavras de Tião Vitor me remeteram a uma realidade que está estampada em nossa cara o tempo inteiro e nem por isso, eu dediquei um tempo a essa realidade para demonstrar minha indignação aqui neste blog ou sequer, no meu Twitter. Coisas simples e que destroem a vida de muitas pessoas como a corrupção, a fome e a miséria.

O jornalista me lembrou os ensinamentos que eu tive ainda criança com uma tia que partiu há cinco anos, minha querida tia França Leite Ferreira. Ela militou durante anos nas causas em defesa de mulheres, professores e principalmente, lutou em favor das minorias.

Serei eternamente grata as palavras sábias do colega jornalista. Palavras que por alguns minutos me levaram para uma sala numa casa no bairro Bosque, onde eu me via sentada ao lado da minha tia que chorava ao assistir o Jornal Nacional mostrando uma reportagem sobre crianças que estavam morrendo a míngua por causa da desnutrição, na Somália (África). Naquele momento tia França, muito carinhosa, me olhou e disse:

“Minha princesa, nós somos um pouco culpados por isso. Nós marginalizamos o mundo e inocentes morrem enquanto ficamos sentados apenas emitindo opiniões e, não fazemos absolutamente nada. Isso acontece porque somos egoístas e olhamos apenas para o nosso próprio umbigo. Tente não ser assim”

No dia que eu escrevi o texto eu esqueci de tentar não ser assim. Falhei, errei e pior, me mostrei uma pessoa muito primitiva ao me deixar levar por instintos.

Não sou a favor da morte de seres vivos, não sou favorável a destruição da dignidade humana e tão pouco serei a favor de grupos de extermínio que fazem Justiça com as próprias mãos, julgando-se donos da verdade suprema. Não.

Sou a favor de Justiça, de direitos igualitários e principalmente, sou a favor da vida.

Claro que minha tia França cometeu erros ao longo da vida terrena dela, mas os erros se tornaram menores diante do coração e do trabalho que ela tinha. E Tião me trouxe um pouco da sabedoria daquela historiadora que eu amo profundamente.

Neste espaço torno público meus sinceros agradecimentos meu caro Tião Vitor.

Não estou na defesa de Magaiver, mas não sou dona da verdade suprema. Deixo a Justiça aos homens que na Terra são responsáveis por representá-la e estudam para isso e por fim, deixo a Justiça para Deus que sabe dar a melhor sentença a cada um de nós.

3 comentários:

  1. Nossa. Fiquei emocionado com suas palavras. Obrigado.

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  2. Caríssima Nayanne,

    Belo texto e realmente belo comentário do Tião Vitor. Agora mesmo estamos numa labuta danada com a situação dos indígenas em Sena Madureira. A situação é gravíssima e exige de nós medidas imediatas. O abandono de crianças e a prostituição infantil é gritante por lá. Temos mais vidas para tentar salvar. Vamos à luta.

    Quanto aos erros, quando alguém me fala que tem uma pessoa falandeo de algum erro meu, respondo que se ela soubesse dos outros erros que tenho falaria muito mais. A vida é assim. Procuramos acertar mas, erramos, sempre.

    Bom trabalho.

    Lindomar Padilha

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  3. Parente,Olha Eu Aqui Tra Vez...Tinha Certeza Que Voçê Reconsideraria,Foi Uma OPINIÃO!OPINIÃO... Eu, Raramente Me Surpreendo,VOÇÊ ESTÁ CRESCENDO! É Uma Atitude de Grandeza Humana O Novo Texto... Enfim,Somos Os Seres Bíblicos do Terceiro Milênio...VAMOS APRENDER MUITO MAIS E JUNTOS!Sempre Com Afeto, Tia JOANA D'ARC

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